Uma reflexão sobre o Coronel e o Doutor
Recentemente o Mestre Pulmão do Grupo de Senzala de Capoeira lançou no YouTube uma de suas várias reflexões pertinentes a respeito da vida do capoeira e da população em geral. Em meio a crises que passam a ter características profundamente culturais o Mestre nos chama a uma viagem pela história para entendermos um pouco sobre o quadro de mortes desolador que temos no Brasil.
(Mestre Pulmão - imagens da Internet) |
Nossa reflexão proposta pelo Mestre começa no Brasil Colonial e na necessidade de se defender nossas fronteiras. Pra que se realiza-se a defesa desse território em 1831 foi criada a Guarda Nacional, que contava com um corpo de 20.000 soldados pra fazer a patrulha de todo o território nacional. Convenhamos que um exercito tão restrito não daria conta de um país de dimensões continentais como o Brasil. Posteriormente foram acrescentados mais 15.000 mil soldados, com a característica de que cada região passara a compor suas próprias guardas. A partir desse momento é que nossa reflexão toma contorno.
A guarda nacional, proposta inicialmente pelos grandes Senhores de Fazenda, dava a possibilidade de compra de patentes, entre elas as principais eram Capitão, Major e Coronel. Aqui já nos aparece um ponto familiar aos ouvidos. Coronel ou "Coroné" é uma palavra que conhecemos muito bem, está no imaginário histórico da população nordestina. Os Coronéis eram os principais donos de fazenda que tinham o maior poder aquisitivo e por esse motivam compravam as maiores patentes dentro da Guarda. Essas patentes, além de aparentarem um maior poderio e status social fazia com que o Coroné e seus homens fosse a principal linha de defesa da região, com sua palavra tendo peso de lei.
Durante o período histórico conhecido como República Velha é que os Coronéis tem seu auge de importância no cenário nacional. Possuir tropas de jagunços aramadas e uma conexão direta com os governadores além de ser o principal proprietário de terras fazia com que esses senhores mandassem e desmandassem, com o título de Coronel passando a ser mais um simbolo de poder do que uma patente do exército propriamente dita.
(Representação do poder e influência dos coronéis - imagens da internet) |
Esse poder do Coronel passa a ser um fenômeno social e cultural que nós conhecemos como Coronelismo, esse fenômeno vai repercutir até os dias de hoje relacionando fortemente poder político e financeiro com representação de conhecimento e autoridade.
O ponto principal suscitado pelo Mestre é um reflexão sobre como a figura do Coronel de antigamente confunde-se nos dias de hoje com os Grandes Donos de Empresas que controlam através de pressão seus funcionários, os políticos que dão auxilio a esses Empresários, ou seja, os antigos Coronéis são os Doutores Sem Doutorado dos dias de hoje.
O Doutor é aquele que tem poder aquisitivo, tem influência social e possui um certo prestigio na sociedade que tem aquele poder e influenciar pessoas comuns que pelo fato de antigamente os ricos serem vistos como aqueles que sabiam mais e detinham o conhecimento. Basta lembrar da lenda de que "comer manga com leite pode matar", mas lembrando que isso só era dito para não da prejuízo na produção dos donos de fazenda. Esse é o poder do Dr., esse é o poder dos ricos, influenciar. É aquela reflexão profunda: São CNPJs matando CPFs. Não precisa nem relacionar com o quadro atual de mortos no Brasil por Covid-19, a relação é imediata e lógica.
Os Jovens estão aqui! Nos notem! Nos vejam! Nos ouçam!
Nenhum comentário:
Postar um comentário