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| Guilherme Santos escritor, editor e fotógrafo do Blog FAM |
A importância da negritude no Brasil
Celebrar o dia da Consciência Negra no nosso país é mais que comemorar: é resistir e não se esquecer do povo negro roubado e arrancado de sua terra, retirado de seus tronos na África para servir como sub-homens na terra do Brasil.
A falácia de que no Brasil não há desigualdade racial é um dos muitos mecanismos que os preconceituosos utilizam para sufocar cada vez mais esse povo.
O lugar de realidade de fala de um negro não é o meu, no entanto, na minha realidade de homem branco de cabelos cacheados posso falar no que diz respeito ao preconceito estético. Nos os cacheados sofremos, não tanto quanto nossos irmão negros, mas assim como eles somos apontados como elemento e alvo de chacotas.
O brilho de nossos cachos e a liberdades dos mesmos desperta estranhamento no outro. O homem de mente pequena não consegue notar a beleza no movimento frenético de nossos "tointoins", não consegue perceber a maciez de nossas madeixas, muito menos perceber nelas nossa forma de resistência.
A cada vez que um cacheado é chamado de "pichaim", "cabelo duro", "cabelo ruim" ou qualquer outro adjetivo de cunho ofensivo, a permanência dos seus cachos é resistência, o fato de ele sair de casa e aramar seu cabelo é resistência, o fato de ele por um turbante é um ato de resistência.
Sua ignorância não vai tirar nossa força nem vai nos intimidar, somos livres, nossos corpos são nossos, nossa cabeça é nossa. Nossos pensamento, nossas lutas e nossos cachos são resistência. São heranças de nossas antepassados, são marcas da nossa mistura e da nossa ancestralidade. Nossos cachos somos Nós.
Ser cacheado é uma luta de resistência diária. Ser negro é uma resistência de vida. O povo negro não se cala, o povo negro não é passivo, os negros existem sim no Brasil, sim eles fazem parte da maioria da população, mas continuam sendo minoria de representação e de direitos, algo que é combatido duramente nos movimentos sociais e de liberdade, sim os negros fazem parte da nossa história, mesmo que sequestrados e obrigados a serem trabalhadores forçados, eles fazem parte de nós.
O povo negro é forte, é lindo e é guerreiro. Não serão calados, não serão sufocados nem serão reprimidos. Ser negro é ser resistência.
Viva Zumbi, Dandara, Mestre Bimba e Mestre Pastinha, Luter King, Malcom X, viva Mandela, Viva Marielle. Viva a negritude .
Os jovens estão aqui.
Nos vejam, nos notem, nos ouçam.
