Cidade Invisível: uma reapresentação da nossa cultura e uma quebra com a normalidade audiovisual brasileira

Cidade Invisível: uma reapresentação da nossa cultura e uma quebra com a normalidade audiovisual brasileira

(Imagem de divulgação da internet)

Cidade Invisível é uma série original Netflix que nos traz uma releitura dos mitos e lendas do Folclore brasileiro reapresentando para o público nacional nossos mitos em facetas e versões que não conhecíamos antes. Por se tratar de um país de dimensões continentais com uma grande diversidade e uma efervescência cultural não seria de se assustar que os mitos brasileiros possuíssem mais de uma versão contada em mais de um lugar, o diretor da obra Carlos Saldanha, baseando-se no livro Abecedário de Personagens do Folclore Brasileiro, da autora Januária Cristina, nos apresenta as origens das entidades lendárias a partir da junção das suas aparições nas culturas nativas do Brasil, na cultura lusitana e na cultura africana.

A série nos mostra as entidades vivendo entre nós, disfarçados como pessoas normais, mas ainda mantendo seus papéis naturais. No mundo de Cidade Invisível somos apresentados a uma sociedade organizada desses seres míticos envoltos em uma trama de assassinato que é investigada pelo Policial Ambiental Eric, que acredita haver relação entre a morte de sua esposa e a tentativa de desocupação de uma área de floresta habitada por uma população ribeirinha.

(Entidades reunidas em seu ponto de apoio)

A primeiro momento as entidades apresentadas não nos lembram muito aquelas lendas presentadas como as lendas que conhecemos durante nossa infância, afinal são entidades, geralmente da floresta, instaladas no meio urbano da grande cidade do Rio de Janeiro apresentada de forma a se comunicar com as minorias perseguidas pela sociedade. Na minha opinião esse é uma sacada genial, uma vez que as entidades também são minorias e são desacreditadas e perseguidas pelas pessoas normais, tendo que se esconder e não poderem usar seus poderes de forma aberta.

(Forma como estamos acostumados e ver a Entidades)


(Entidades disfarçadas no meio urbano)
(Entidades disfarçadas no meio urbano)

Na parte técnica do filme Cidade Invisível se apresenta como um produto completamente novo sendo considerado por muitos críticos como um novo rumo para o audiovisual nacional. Muito do trauma das produções brasileiras é causada por uma forte ligação que o nosso cinema teve com as Pornochachadas e as comédias pastelonas, até então características das nossas obras, mas Cidade Invisível se apresenta como uma quebra.

(Exemplos de Pornochachadas)

Muito dessa ligação se deve a Ditadura Civil-Militar de 64-85 no Brasil que de forma direta e indireta incentivou a produção desse tipo de material como uma forma de produção econômica e em vistas de fazer um sistema de "pão e circo" remodelado, onde nosso Coliseu eram as salas de cinema. Intrigante pensar que a Ditadura Civil-Militar Brasileira que tanto pregava a moral e os bons costumes tenham apoiado e investido nessas obra de cunho erótico e apelativo, mas isso é papo pra outro momento.

(Contraditório ou nem tanto pensar a Censura da Ditadura apoiar as Pornochachadas?)


Uma vez que as Pornochachadas representaram um fase marcante no cenário mercadológico cinematográfico era comum que se mantivessem alguns elementos desse tipo de filme e produções futuras, tais como a comédia pastelona e apelativa, cenas voltadas para o rótico e piadas de duplo sentido, vide várias obras famosas do cinema nacional, tente relembrar uma (fora Tropa de Elite) que não tenha um apelo cômico ou político (no segundo caso nem mesmo Tropa de Elite escapa), por isso Cidade Invisível está sendo entendida por muitos como a abertura de novos horizontes para o audiovisual brasileiro.

Um público consumidor das produções nacionais somos nós, a juventude, e nos temos nossa voz e nossas formas de apoiarmos ou criticarmos essas produções, por tanto entendam:

Os jovens estão aqui! Nos notem! Nos vejam! Nos ouçam!:


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